segunda-feira, 4 de outubro de 2021
sábado, 14 de agosto de 2021
Não virou amor, virou poema.
Não virou amor, virou poema
Tristeza quando dança
Lorde e Melodrama
Ela é abismo de cores que idealizo pular
Reinventei a melancolia risonha
Presa na essência
Em infinita distância
De uma boca que não há de me chamar
Ainda acordo às quatro da madrugada
Para escrever em vão à amada
Serenatas simbólicas
Temo que ela nunca as lerá
Poderia dançar na minha tempestade
Gozar até tarde
Ficar à vontade nessa tragédia envolvente
Molhar a face na água da minha felicidade ardente
Em meus sonhos ainda recito versos bonitos de fidelidade
Numa prosa deprimente de saudade
À morte de um amor que ainda vive em minha mente:
Foi-se cedo demais, partiu sem deixar resquícios de reciprocidade.
Eu te imagino em via dupla em contato comigo
De frente ou de costas num abraço amigo
Tesoura que não corta mas gruda
Estaria eu fadada a amar separada do grande amor da minha vida?
Afinal, quanto tempo dura
O que nasceu para morrer
Em meus pensamentos, te juro
Há três meses só dá você
Eu saboreio o seu prazer
Nos imagino rodeadas de amor e arte
Saturno e Marte
Sheila Jeffreys e Audre Lorde
Ao oposto que me entregava apenas inteiras metades:
Refiz-me no pó que me tornaste
Te vejo colorida nas entrelinhas do meu caderno cinza
Romantizo teu fogo que me queima inteira
Da prateleira das lembranças pego novamente
Sua presença quando se faz tão ausente
Não virou amor, virou poema
Tremedeira dos pés à cabeça
E eu não poderia passar a eternidade sem te deixar saber
Que me encontro ao me perder
E eu só queria que fosse com você.
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Ambiguidade
Te disse que minha maior característica era a lealdade à minha verdade
Modéstia à parte, naquela conversa de domingo eu estava omitindo todo afeto que venho nutrindo por você
Eu não queria que fosse apenas amizade o que existe entre a gente
Mas aceito a sua inteira metade.
Me mantenho inerte em pensamentos frequentes
Não sei por quanto tempo conseguirei guardar este segredo
Essa fúria e esse tormento
Queria poder manifestar tamanha confusão eloquente sem te perder
Eu não sei se sequer conseguiria te ver sem me perder em vagos tomos de momentos que incendeio em minha mente.
Desde os primórdios de minha vida
Meus sonhos repousaram logo cedo
Quanto sentimento bonito poderia caber num silêncio?
Por que tanto afeto ligado à tamanha confusão permanente?
Estou fadada à esta luta, e este degredo
Minha solidão não tem medo
Me elogia na alegria de viver uma vida toda sozinha pegando fogo em segredo.
Confissões da meia noite escritas durante o dia
É tudo rima, e saudade
Na realidade, eu sei, tudo o que em parte te dei foi ambiguidade em fantasia.
Não há reciprocidade naquilo que não pôde ser dito.
E eu choro entre lamúrias, pois resisto em acreditar que é tudo o que me resta
Nessa meia noite canhestra, entre outonos e primaveras, meus sonhos favoritos percebo escoar
É estranho e irônico, afasto-os para longe, mas meus pesadelos conseguem sempre me acompanhar.
Eu não consigo evitar, escrevo para não me perder de vista
É ambíguo, não nego, o inferno é o céu agridoce do meu lar.
quinta-feira, 5 de agosto de 2021
Agosto deveria ser o nosso mês.
terça-feira, 3 de agosto de 2021
Primeira paixão lésbica despertada.
quarta-feira, 9 de junho de 2021
monólogo
segunda-feira, 15 de março de 2021
Visão turva em um dia nublado
Traumas
Amo enquanto morro
domingo, 31 de janeiro de 2021
Análise critica de paixões e suas mortes prematuras
Guardo em mim um melancólico enredo, e eis que aos prantos descrevo olhos narcísicos que tanto sorriam e apenas se permitiam me enxergar em segredo
Mãos que jamais seriam dadas em público, lástimas e devaneios
Nos sonhos que ainda o via, ele me não mais me sentia, de véu escuro, ao céu nublado, dizia amar meus machucados, meus sonhos quando tão bem guardados no inconsciente de quem não amava meu amor próprio
No ódio e ócio eu era mantida, entre gritos aturdidos e pesadelos coloridos ele ria
As asas que há muito me cortaram, sangram ainda
E eu corria em busca do que não me aguardava, sempre puxada de volta a sete palmos abaixo da terra que tanto sufocava
Abafava o consciente, desagradava a ideia de me ausentar em sonhos verídicos e sadios que pouco frequentava ao invés das realidades em tormento que me encontrava enclausurada
Tremendo entre imaginações instáveis e trágicas no chão gélido e sem vida
Se ao menos eu não mais me apaixonasse por sádicos com prazeres utópicos da consciência fraca e falsamente viril que tanto contemplam, eu não me permitiria voltar ao preto e branco quando as cores quentes se ausentam
Eu não me permitiria escrever sobre dores de antigos amores quando novos se apresentam
Eu não mais precisaria enterrar e desenterrar imagens de pessoas em memórias que não mais precisam voltar
No entanto, prometo: no momento o enredo se encontra em produção científica
Análises críticas em pesquisa dessa morte que finalmente não mais ousarei contemplar em vida.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2021
Paixão: Fenômeno da Desordem
Tudo o que o tempo faz é passar
E como o outono corriqueiro que precede invernos demasiado eternos em mim, tudo o que faço é recordar
Imagino o futuro distante do lado de lá, verões que eu jamais poderia aguentar, guerras que não venci em um passado tao presente quanto o presente aqui se faz
Por vezes me visualizei num bem estar adormecido, eu fujo de mim e de todos quando percebo-os como contrários amigos
Me escondo e me esqueço em uma gaveta suja e vazia de uma cômoda em um cômodo qualquer
Lembranças amargas de um corpo que penumbra o entardecer
Fizeram-se constantes, por aproximadamente três anos, as tentativas malsucedidas de te esquecer
Eu fujo madrugada afora, e te encontro em todo adormecer, para que sombras tão desiguais não resmunguem ao meu corpo que tanto vacila pra se perder, imagens imaginadas e três vezes já realizadas
Enquanto o mundo aqui dentro oscilava, externo de mim éramos apenas eu e você
Me ergo aos poucos, prometo, erros e acertos me trouxeram outra vez a estes sentimentos, esguias e certeiras promessas tais
Esse corpo vagueia, reprime desejos felizes que poderiam cercá-lo, demasiado envolto já se encontra em ais
Eu me permito ao grito interno, nesse corpo perceptivelmente enfermo, que não mais repousará inquieto, até que eu o tenha outra vez
Por vezes tempestade, outrora calmaria intensa
Tudo o que o tempo faz é ruir em silêncio, na mazela delicada e imensa, e apropria-se do tempestuoso momento
Se abre em trovoadas esperançosas que hão de se fundir apenas quando estas lembranças infames se ausentarem por indeterminado tempo
Nesta casa que urde o medo, tão marcada pelo tormento, no tempo que se move lento quando escrevo sobre ele em segredo
Unem-se internas chamas entre dois corpos que poderiam juntos queimar, o choro agudo de uma morte prematura que, com ele, não avisto chegar
Em decadência tenebrosa, a infelicidade póstuma não há de se ausentar, mas nas águas dele repouso e me afogo, há nele um abismo de cores vibrantes que idealizo pular
E tudo o que o tempo faz é passar, e meu corpo queima pela presença imaginável dele, ele insiste em queimar, lástimas em palavras que ambos amamos recitar
Seria ele? Anseio demasiadamente que seja, me vejo presa e dispersa em seus braços ternos, desejo que seja eterno enquanto tiver que durar
Posso eu ser seu instrumento se ele assim o desejar, em meu corpo suas digitais de amor e arte
Sinônimos de nós são músicas, composições e poemas por toda parte
Será? Será? Que poderemos compôr juntos juras de amor em partituras melancólicas que riem mares de lágrimas doces e embarcam no mais gostoso abraçar?
E eu desejo tanto que ele me deseje, que veja e contemple a escuridão estável que em mim existe e insista em dizer que ela é incrível, mesmo diante do nublado presente, e prometa promessas urgentes de quem ousará ficar.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
eu me abandonaria se eu pudesse.
eu me deixaria se eu pudesse
eu juro, se eu conseguisse, abriria um zíper onde meus braços não alcançam e abraços nunca chegam
removeria toda a carcaça de dentro e tentaria um provável fracasso ao me permitir ser quem eu deveria enquanto a melancolia não marcava tamanha presença
abandonaria esse corpo pequeno demais para os sonhos que desenho imaginavelmente alcançar
relutente, peço perdões à minha pessoa por não conseguir estar sempre presente, consciente em demasia sobre os terrores que tanto me assombram na morte que se faz minha vida
eu me abandonaria se pudesse
abriria ao meio esse corpo que persiste anular a felicidade que não chega
e por que caralhos não chega?
eu procuraria aumentar essa pequena fresta de luz enquanto a escuridão se ausenta
tão pequena que talvez eu nunca a encontre, porém reconheço, existe em algum lugar
escondida, emaranhada na imensidão de características tão frutíferas que adentrei
e nunca concluí
eu sei, inóspita em demasia, na maresia de lágrimas próprias que emergi há tanto, e nunca voltei
confesso que nunca soube como remar de volta, jamais houvera uma ocasião permanente que me permitisse aprender a nadar em busca do que desde criança ousei sonhar
água fresca para repousar
situação corriqueira que tanto me prende a um corpo que tanto insiste em pegar fogo
uma mente que tanto clama para que o silêncio chegue num futuro não muito longe
insinuo delírios distantes
por que tanto resisto às cores que as vezes tentam tocar o meu preto no branco?
meu cinza, monótono, morno
me envolvo em braços frouxos que se negam a me segurar, antes de sequer sentir resquícios do cheiro de enxofre que tanto me mantém ocupada em resistir à beleza da natureza lá fora
à tristeza que penumbra minhas entranhas, belisca e arranha minha pele fina e já quase escassa de brilho em tão pouco tempo de vida: uma lástima, querida, nunca fostes bem vinda
nem mesmo os sete demônios que me habitavam na morte que se fizera minha vida, arriscaram ficar
se eu pudesse, abriria um zíper da cintura à nuca e mandaria todos aos infernos que por tanto tempo me fizeram vivenciar
gostaria de voltar ao passado e gritar a todos sobre os segredos que os homens ousaram guardar
aliciaram sim, as partes de mim
toques em partes que uma pessoa tão nova não deveria sentir tocar
se eu pudesse abrir um buraco no peito e remover toda a sujeira que adultos guardaram aqui por tanto tempo, até que o tempo se tornasse apenas um buraco negro em lento movimento, me puxando cada vez mais para dentro, enquanto me torno essa adulta frustrada, perdida, clamando para ser compreendida e respeitada
incógnita. inóspita de mim, uma casa em chamas, de janela única, impossível de fazer entrada
se eu pudesse definir os horrores que me assombram desde os primórdios da vida, desenvolveria uma equação infinita, quase impossível de se resolver
e eu teria a mim, a torcer para que encontrassem um meio de me fazer sofrer menos
tornar o caos menor
proporcionar o sentir-me maior do que de fato sou ou algum dia serei
meu estado em constante alerta me permite nesse instante perceber o quão sofríveis são os momentos claustrofóbicos que instigam o sofrer
e eu tanto busquei a morte como se fosse minha única saída, melhor amiga, o único ar possível de se respirar
eu nunca quis me ausentar do viver
eu só preciso subir até o raso, onde as ondas repousam e a maré é tranquila na maior parte do tempo
no entanto, como sempre insegura a hesitar, é impossível não questionar-me: como remover das vistas perceptivas esse manto melancólico que me cobre em vida?
se eu pudesse me abandonar, nunca mais voltaria.